O vício da irracionalidade burocrática
- Michelle Ramos
- 18 de ago. de 2019
- 2 min de leitura

Ano passado dois ladrões entraram na escola do meu filho e roubaram o carro de uma mãe que estava conversando com uma amiga.
Obviamente que a violência nos causa indignação. Mas entre a indignação e a histeria tem um longo caminho a ser percorrido. Claro que esse espaço é percorrido na velocidade da luz pelo grupo de mães do WhatsApp, grupos esses que mantenho distância por questões fitossanitárias. Assim, para evitar a escalada da histeria, as instituições se veem obrigadas a dar respostas. Dessa maneira a escola resolveu criar um selo para ser fixado nos carros, para acesso facilitado às dependências da escola.
A cada ano o selo muda de cor. Eles os enviam na agenda do estudante. Considerando que nunca disse qual veículo possuo para a escola, não há controle sobre qual adesivo está em qual carro (guardem bem essa informação).
Hoje fui até a escola pegar um adesivo para o carro dos meus pais, que luxuosamente me ajudam buscando meu filho na escola enquanto estou no trabalho. Chegando lá fiquei 25 minutos aguardando para pegar o tal selo. Quando finalmente sou atendida, recebi um formulário para preencher onde deveria, dentre outras intimidades de coisas, informar a placa, modelo e cor do veículo em que a etiqueta seria afixada. Obviamente que não sabia essas informações, não decorei nem o do meu carro, quem dirá de carro de terceiros.
Falei que não tinha esses dados e a atendente me disse que sem elas não forneceria o selo. Eu poderia ter mentido e fornecido os dados do meu carro, mas eu queria mostrar que esse processo burocrático não tinha razão objetiva alguma. Segundo ela a segurança da escola e dos alunos estava em primeiro lugar. Inclusive aleguei que eles não tem ideia de qual carro os selos enviados pela agendar estavam grudados. Por que isso no selo adicional?
Foi inútil. Peguei o telefone e obtive os dados. Preenchi o formulário, entreguei. Ela assinou, recortou, registrou, chancelou e me entregou o selo.
Recebi-o, agradeci o atendimento e disse que ficava muito feliz em ver tanto zelo pela segurança. Só me preocupava o fato dela não conseguir garantir que eu de FATO SOU A MICHELLE, dado que em momento algum ela pediu qualquer documento que me identificasse como a mãe de qualquer criança da escola.
E assim, venci mais uma burocracia que tem o fim em si mesma.
That’s all folks
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