Hoje eu recebi essas duas folhas da escola do meu filho de 7 anos. A folha de redação definitiva (???) e um desenho. Aparentemente meu filho de 7 anos não fez sua redação na folha definitiva. Ouso dizer que também não o fez no caderno de rascunho.
Como diria Riobaldo, eu não sei de quase nada, mas desconfio de muita coisa. Aparentemente, não fazer a redação na escola do meu filho de 7 anos não é visto com bons olhos. E parece-me também que se, ao invés de fazer a redação na folha definitiva, o aluno de 7 anos ousar fazer um desenho agrava a pena.
Pois bem, eu não se seu eu já falei para vocês que eu tenho um filho de 7 anos que está na segunda série. Esse meu filho de 7 anos ainda é um protótipo de adulto sabem. Ele é um projeto novo, ainda em fase de definição de premissas. Então ele apresenta algumas falhas quando comparado com o que se espera do projeto concluído.
Dentre as falhas do projeto, preciso reconhecer que meu filho de 7 anos ainda está entendendo exatamente como funciona a maquininha de moer gente chamada escola. Ele ainda não entendeu que lá na escola, assim como na vida adulta, não tem querer.
Ele tem uma certa dificuldade em aceitar as regras que vem junto com o tabuleiro, entendem? Ele até aceita os dados, o tabuleiro e os peões (branco, preto, amarelo, verde, vermelho e azul, sempre, sempre, sempre!). Mas ele quer outra dinâmica. E aparentemente, uma nova proposta para o mesmo fim, não pode.
A escola do meu filho de 7 anos entende que deve formar o cidadão do novo milênio. Mas olhando assim, rapidamente, parece-me que a habilidade de negociar não é nada importante nessa nova realidade.
Meu filho de 7 anos também é um pouco imaturo. Mas aí vou dar um desconto, pois tenho 38 (vou fazer 39 em 12 de setembro e aceito presentes caros e raros) e nunca fui madura para a minha idade. Diria que minha mentalidade atual me faria madura caso eu tivesse 16 anos.
Mas desconto mesmo eu vou dar para o meu filho de 7 anos. Porque amigos, eu fui forjada no gueto dos sentimentos (para mais detalhes procurem meus textos sobre resiliência e sobre ruminantes). E a escola do meu filho consegue me massacrar, esfregando na minha cara o quanto eles acham que meu filho é um fracasso.
A escola do meu filho de 7 anos sempre me mostra que o fundo do poço tem porão.
Eu fiz curso normal (era mesozóica, paleolítico superior, enfim, há muito tempo). Lembro-me bem quando terminou o estágio e eu fiquei deveras feliz, pois havia percebido ali que o magistério não era minha praia. Sou muito turrona para isso. Ensinar deve ser leve.
E ensinar é desembaçar a visão. É despertar a curiosidade. É abrir a janela e mostrar que lá fora há um mundo a ser descoberto e entendido. E a escola do meu filho de 7 anos acabou de me fazer, do alto dos meus quase 40, desistir de entender que djabo de mundo é esse.
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