Resolvendo equações integrais e derivadas
Eu jurei que não teria texto essa semana,
depois dos dois da semana passada. E eu estava em paz com minha quebra de contrato. Mas são 4h42 da manhã e estou acordada por causa de um sonho. Não foi um pesadelo. Na verdade foi um sonho engraçado. Um sonho geométrico. Vou explicar.
No sonho eu estava disposta a resolver um problema. Para melhor entendimento, problema nesse texto refere-se a uma questão pessoal pendente de resolução, ou seja, uma equação interpessoal com muitas incógnitas. No meu sonho eu precisava esclarecer um mal entendido. E para tanto eu fui usando a tangente.
A reta tangente, como vocês podem ver na imagem acima, toca a circunferência em apenas um ponto, logo, nunca penetrará no círculo. Geralmente usamos a tangente quando a circunferência é impenetrável e precisamos chegar do outro lado. Leonardo da Vinci construiu uma ponte autoportante utilizando retas tangentes. Reparem bem, tangenciando, ele conseguiu construir uma estrutura para superar obstáculos, a.k.a ponte.
Se você olhar com atenção, perceberá que a ponte de Da Vinci é composta por várias tangentes, de forma que ele consegue muito contato com a circunferência, mas nunca a penetra. Ela apresenta muito contato com a superfície da circunferência, mas nenhum contato com o espaço interior. E aí está a falha dessa abordagem. O cerne sempre fica intocado. Você supera o obstáculo sem removê-lo.
Pois assim foi o sonho. Para abordar o problema eu fui construindo minha ponte de muitas tangentes, marquei de encontrar A por um lugar em que passava B, de forma que coloquei-me em rota paralela à B e andando juntos fui ouvindo falas desconexas sobre o trabalho científico e começamos a fisicamente circundar um prédio e dar voltas e voltas sobre essa construção, enquanto retoricamente dávamos voltas e voltas em torno do mal entendido, sem nunca, de fatos, falarmos sobre ele. Óbvio que fiquei bem frustrada com esse nheco-nheco no sonho e tal qual a vida real eu fiquei puta da vida. As vezes apareciam terceiros falando frugalidades e isso me irritava. Se a tangente já não estava ajudando, esses pontos fora da curva só bagunçavam ainda mais a minha rota rumo ao lugar nenhum. Fui tomada, em sonho, pela fúria que me ataca na realidade. Só que no meu sonho nunca tem polícia, então sempre posso pirar um bocado a mais e comecei a jogar una sapatos (🤪) no chão. Não me perguntem como esses sapatos entraram na jogada... Pensemos que talvez precise de nova proteção para os pés para seguir minha caminhada.
Minha vontade era deletar o mundo para ver se, sobrando apenas eu e meu antagonista, sem fugas possíveis, pudéssemos enfim jogar luz sobre o problema. Algo como aquela cena de Matrix, a sala branca onde Neo e Morpheus se encontram para falar de sentimento e realidade.
Resumindo, não consegui resolver nada. Nem no sonho, muito menos na vida real. Acordei frustrada e, sem conseguir dormir, resolvi contar o sonho. Enquanto escrevia, pensava que talvez eu poderia escolher outra forma geométrica mais complexa para resolver esse problema. Talvez ver por outro prisma, para de alguma forma aparar essas arestas.
Lá fora o sol já está nascendo. Bom dia e boa semana.
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